A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, ao longo de um ano são utilizadas toneladas de substâncias tóxicas que não são limitadas apenas à produção, mas também no descarte desses materiais. Pensando nisso, a interdisciplinaridade entre o design e biologia é uma opção que vem sendo investida ao redor do mundo como uma opção a ser utilizada no design no presente, e do futuro.
Dentre os recursos naturais, estão as bactérias, estes pequenos microrganismos que habitam a Terra há bilhões de anos e, muitos deles são inofensivos a nós. Designers inovadores estão em busca de alternativas de como a biologia pode nos auxiliar a solucionar tais problemas, como a designer de materiais Natsai Audrey Chieza, fundadora do laboratório Faber Futures. Ela tem trabalhado ao longo dos últimos anos no desenvolvimento de um pigmento natural que pudesse ter utilizado para tingimentos.
A bactéria, chamada Streptomyces Coelicolor, encontrada no solo é a responsavél pela produção de antibióticos, geosmina (cheiro de terra molhada, ao chover) e também pelo sabor da beterraba. Quando submetida à condições certas de pH, apresenta colorações que variam entre o vermelho, rosa, roxo e azul.
O tecido utilizado por Chieza é a seda, o qual é colocado em uma placa de Petri, onde as bactérias são cultivadas junto com seus devidos nutrientes e água. Conforme elas crescem, o pigmento é produzido diretamente na superfície têxtil, obtendo um gasto de água de aproximadamente 500 vezes menor que nos processos industriais utilizados hoje em dia com pigmentos sintéticos. O resultado é uma coloração linda, com cores vibrantes e padronagem que se assemelha ao tie dye.
Assim como os demais projetos realizados na área, o maior desafio nesse momento é como transformar esse processo artesanal em algo que possa ser aplicado na indústria de forma viável e com baixos custos.
Em sua apresentação na conferência TED Talks, em 2017, a designer explica sobre o conceito de seu trabalho e como a biologia pode contribuir para um futuro da moda mais ecológica, confira abaixo:
Publicar e promover projetos como o nosso do BioStudio é uma alegria, pois mostra como não estamos sozinhos nessa procura e como existem diferentes espécies de microrganismos que apresentam o potencial de serem utilizados como produtores de pigmento para um futuro mais sustentável.
Referências:
American Society of Microbiology – ASM
Sou apaixonada por descobrir coisas novas e pela área criativa, a arte e a moda, que sempre foram minhas vocações. Atualmente sou estudante de Design de Moda na UFG e, no meio desse processo decidi me aventurar no universo do biodesign e da sustentabilidade. Nos momentos off-line gosto de curtir uma boa música enquanto crio alguma arte fofinha em aquarela.